quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Venha cá menina, eu te amo.

Venha cá menina, eu te amo.



Remédios. Corpo dopado, rosto triste, olhar que se segue ao nada, língua embolada, a cama que não a deixa sair. A ansiedade, tudo muito rápido, não é possível acompanhar, ao mesmo tempo, um esgotamento de monotonia, que grande vazio, é como se dentro do corpo os órgãos que pulsam, evaporassem e você se tornasse por dentro, nada, só preenchimento de ar. Não se sabe o que é, não se consegue gritar! Alguém? A falta de sentido nas pessoas, nas coisas, como se o mundo, fosse essa bola azul dos livros, que de fora é pequena e que em um passo em falso, se pode cair para a solitária imensidão do universo. Corpos dopados. Cerveja, drogas ilícitas, cigarros e muita mentira. Corpos embriagados, sem saber o limite de si, na brincadeira de mentirinha de se sentir solto, leve ou feliz. Coisa que se conta pra si mesmo, se engana, porque no fundo a gente tem até nojo. E é só com esse nojo, que parece coisa bonita por fora, que se consegue viver. Como é que se suporta vida levada assim? É excesso por desespero e depois contenção. Fica tudo meio ondulado, a cabeça gira, você não entende nada, nem quando entrou ou o porque e a saída ruim, as vezes é sempre retorno, sem você compreender porque volta novamente. Uma metade é trauma a outra é culpa. Uma culpa que me dói nas entranhas... não se reconhece, não sabe para onde ir, o que fazer, tem vontade de ir embora, uma parte grita pra ir embora, ir pra longe, só ir, sem um rumo, porque o que importa mesmo é o ato de deixar. O teatro da ordem é todo dia desmoronado, vive-se seqüências de transgressões falidas, porque a ordem  é só para dar com as línguas nos dentes. Por que caminhos você vai? Onde foi que seu controle se perdeu? Quem é que manda neste corpo sem forças? Eu não acho mais você. O que acontece? Em quais lugares vocês para? Quais são as pernas que vem andando por você? Você não é assim, quem te conhece sabe.  Empurre esse fingimento, jogue-os aos abismos para que eles se deparem com seus monstros, espante esses monstros, eles não são seus, pare de se cobrar tanto. Os faça se deparar com suas doces flores de dúvidas sutis, na qual eles pisam em cima. Atire-os do alto e com isso, jogue todo esse peso que causa dor nos seus ombros, na sua coluna, na sua cabeça, no seu estômago; que te condena; que não faz sentido, que te leva a onde você não deseja estar. Pare de se odiar. Não puna seu corpo e alma afundando-os na lama, sufocando-os, por se deixar levar pelo que você despreza. A ética sempre foi sua autoridade máxima, a sua responsável na vida, a mande se foder de vez em quando, mas não esqueça de como ela orienta sua vida, para ser ética, não precisa ser moralista. Eu sei das suas tristezas profundas, e é muito compreensível que elas rodem sua vida. Esse mundo é cão demais pra você menina, que gosta de brincar descalça. Você, de tão doce, de tão madura, perdeu todos os jogos. Chora baixo por não saber lidar com as pessoas.  Não precisa mais se machucar por isso, você veio ao mundo como perdedora e isso te torna profundamente mágica. Veio fazer fracassos e vergonhas e isso a torna linda. Você nunca soube disputar com seus concorrentes. Olha que sorte! Tome as rédeas, moça, você é cheia de coragem, você sempre foi toda dona de si.  Você que desde cedo aprendeu a protestar  silenciosamente;  que sempre foi violentamente desobediente, apenas por decidir seguir seus próprios caminhos e se entregar ao seu próprio mundo. Não se diminua, não acredite que você precisa ser outra coisa, você sempre se sentiu agredida por qualquer pessoas que questionasse sua autenticidade, sua forma de estar presente nesse mundo. Você nunca foi de baixar cabeça, você odeia ordens. Você manda todo mundo se foder há anos, sem precisar falar isso. Você ama a vergonha que terceiros tem de você, porque sente orgulho por quem você é.   Vomite toda essa dor, toda essa hipocrisia, toda essa raiva. Vomite na cara, você foi feita pro que é de verdade, você sempre trouxe para os lugares as formas mais estranhas e ingênuas do amor. Levanta da cama logo, vem voar comigo, vem ser o que você quiser, vem lembrar comigo que sua liberdade foi sempre a tua cabeça desconectada pra se blindar das sujeiras do mundo. Esse mundo seu, não te faz sair do real, ele só te faz feliz. Lá tem seus princípios, suas formas de afeto, sua forma de ser. Vem menina, que essa vida é coisa linda, que é grande pra se viver, esse mundo não é bola redonda, ele é de se perder de vista no horizonte, com muitas estradas pra você conhecer e com um passo após o outro, no chão batido de terra, um longa estrada você tem para caminhar. Vem voar comigo. Vem. Quero te falar sobre onde a liberdade faz morada. Menina, o mundo precisa de você, e eu também. Faça seus próprios rumos. Levante e desde já fique sabendo que você é sua própria ressaca.



Resultado de imagem para pelo malo fotos

Nenhum comentário:

Postar um comentário