
Prazer, sou seu incômodo.
E esse controle do corpo, do passo, do louco? Sociedade organizada, adaptada, padronizada me faz odiar câmeras, espelhos e a sua ordem implementada. Qual é sua fadiga com meu porte, meu corte, com o mal cheiro do meu cangote? De onde surge a necessidade de me alinhar, me passar, me rotinizar? Eu sou cheia de amarrotado, de embaraço, de desengonçado. Para que a pressa, a festa, uma bela testa? Quero miúdo e canto. Por que minha aparência, minha reticência, minha vivência te incomodam tanto? Não admito cordas vocais com a qual tentam me prender, oprimir e constranger. Eu vou continuar sendo muito nua, muito suja, muito lua. Enquanto isso, morrem suas certezas, degradam-se suas espinhezas. Vou ser livre sem chibatadas, sem boca calada, sem roupa, corpo, postura, cabelo, desejo, cheiro e sandália adequada. Vou pisar na prova acertada, cuspir na sua cara amarrada. To saindo sem o seu consentimento, por sobrevivência e resistência, pra ser mulher rodada.
Maria, 22 de janeiro de 2014
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