segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Bom dia.

Bom dia. Você ainda não é acostumado com as minhas crises passionais pré-aniversário, esteja então apresentado amor. O tempo tava nublado e se alinhava com uma tristeza inconsciente, que bom que tu existe pra resgatar a minha energia, que de vez em quando, fica perdida em algum lugar no fundo de mim. Nosso espontaneísmo sempre nos prega grandes peças. Será que viajar seria mesmo uma decisão acertada? Bom, na verdade olhando pra gente, pra casa, pra vida, definitivamente nosso vínculo com planejamento ta longe de ser algo que tenha gosto de firmeza. Fomos, e eu sabia que aquele podia ser um desejo seu, mas antes era uma forma de me ver feliz também. Chegando perto, previsões trágicas de quem descia a serra, tiroteio, lugarejo de baixo d’água e na nossa frente um chuvisco mirado para o imprevisível. Lá a gente oscilava entre o conforto e o nosso espírito torto. Em seus olhos era possível ver um pouco de angústia de um anseio que as coisas pudessem dar certo...foi em vão é claro, assim como o começo de nossa história que tem os melhores momentos na curva, que não segue sobre retas. Nos entregamos a gente, a nosso jeito, decidindo pela barraca e antes que terminássemos de nos ajeitar, raios de luz. Um sol bonito apareceu, pra dizer: “olhem como vocês são iluminados”, nesse momento os olhos que tem gosto em ser ingênuos se misturavam com o brilhar do dia. Foi um tempo rápido, mas que parecia se multiplicar de felicidade, não com momentos extra-ordinários, só pelas nuvens que deram trégua, pro almoço feito junto, pros mergulhos fazendo o corpo (trans)acender. Nos encontramos com todas as pequenas coisas que nos trazem momentos felizes (beijos sem trégua, sete mil léguas sem descansar). Novamente descobri um amigo, daqueles de quando criança, que topam tudo e tudo se torna uma grande aventura. E sem pensar muito, se vêem pulando do alto da cachoeira se vêem pulando um com o outro, um para o outro, em uma espécie secreta de parceria e confiança que pra mim só as crianças tem a grandeza se sentir. No nosso caso, acho que tivemos a sorte de não ter crescido e já que nos encontramos, compartilhamos esses pequenos sabores guardados no corpo e na memória, em uma espécie secreta de companheirismo, que é preciso muita sensibilidade pra viver. Te trago pra minha memória afetiva, porque agora você faz parte dela, ainda que seja o meu PRESENTE mais belo, feliz aniversário.


Um comentário:

  1. O apanhador de desperdícios

    Uso a palavra para compor meus silêncios.
    Não gosto das palavras
    fatigadas de informar.
    Dou mais respeito
    às que vivem de barriga no chão
    tipo água pedra sapo.
    Entendo bem o sotaque das águas
    Dou respeito às coisas desimportantes
    e aos seres desimportantes.
    Prezo insetos mais que aviões.
    Prezo a velocidade
    das tartarugas mais que a dos mísseis.
    Tenho em mim um atraso de nascença.
    Eu fui aparelhado
    para gostar de passarinhos.
    Tenho abundância de ser feliz por isso.
    Meu quintal é maior do que o mundo.
    Sou um apanhador de desperdícios:
    Amo os restos
    como as boas moscas.
    Queria que a minha voz tivesse um formato
    de canto.
    Porque eu não sou da informática:
    eu sou da invencionática.
    Só uso a palavra para compor meus silêncios.
    (Manuel de Barros)

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