Eu iria postar hoje o meu primeiro conto longo, que tive a ousadia de enviar para um concurso. No entanto, hoje é dia de prova. E o que escrevo agora é uma forma explicita de fuga, já que no exato momento eu tentava driblar minha consciência para me concentrar nos estudos. Insegurança e falta de sentido se misturam em um gosto amargo. A verdade é que desde de bem pequena fico arrasada em ser avaliada. Toda minha impotência sendo exposta e comprovada é muito, sempre preferi me guardar dentro de mim. Acabo sempre por ficar acuada enquanto meu corpo vai ficando aos poucos amuado e inerte. Enquanto isso, minha cabeça me condena por profundo egoísmo, que não entende como coisas tão simples podem ser tão destrutivas. Nesse enrendo, minha grande sorte, com esse problema que se repete ao longo de minha vida, é ter junto de mim uma mãe tão sensível, que tenta me convencer cotidianamente que sou um ser de luz...talvez um dia ela perceba que a única forma de eu ser "tão iluminada" é com a mãe sol próxima a mim. Deixo com vocês aqui minha possibilidade de ânimo pra prova e também a mais bela materialização do amor:
Carta para Maria 1
Maria é dessas meninas, desleixada por natureza não se importa com a aparência porque sua estética e tão travestida de ética que ela simplesmente vive sua vida sem escovas, calçados adequados para ocasiões e sem sutiã. Ela escreve por prazer, sem regras e segredinhos literários. Curte o corpo sem idolatrias, somente porque o circo a anima. Ela não estuda, ora porque já sabe ora porque não quer aprender certas coisas. Mergulhada na rotina de viver, ignora as horas de acordar, dormir, trabalhar. Apesar de pontual escolhe as segundas para re-começar ou adiar seus compromissos. Um alheamento lhe percorre as entranhas e ela duvida de tudo e de todos. Não sabe para onde ir mas sabe que não quer voltar. Reconhece suas qualidades mas nega fazer qualquer coisa que lhe pareça receber aprovação. Não tem medo da solidão mas não corre o risco de experimentá-la, ao menos, até o envelhecer. Medo ela tem sim: dos humanos. Diante de perversões, individualismos e burocracias ela se torna uma fera e se recolhe em ostracismo. Contra si mesma ela investe o codinome que lhe ofereceram e, sem perceber, sua recusa se torna aceitação. Querem isolá-la, destruí-la e sem forças torna-se cada vez mais alheia, abandona os estudos, as horas e, quase a si mesma, banaliza seus escritos. Sem perceber vai perdendo seu brilho, sua massa, sua tribo... Do lado de fora uma Humanidade a aguarda retornar pois sabem que ela é da luta, da vida, é MariadoColetivo, dessas meninas, que pode voar mesmo sendo humanamente rara!
te almo!
Carolina De Cássia, 20 de Agosto de 2014

As duas são meninas lindas
ResponderExcluir